O Brasil enfrenta uma realidade alarmante: nos últimos dez anos, mais de 93% dos municípios foram atingidos por desastres naturais, incluindo tempestades, enxurradas e alagamentos. Os dados revelados pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) nesta quinta-feira são um alerta para a urgência de ações preventivas e soluções eficazes diante desse cenário.
Entre 2013 e 2023, mais de cinco mil municípios registraram situações de emergência ou estado de calamidade pública, resultando em danos a mais de 2,2 milhões de moradias, das quais mais de 100 mil foram completamente destruídas. Esse impacto direto afetou mais de 4,2 milhões de pessoas, deixando-as desabrigadas.
As regiões mais afetadas foram o Sul, com 46,79% das casas danificadas; o Nordeste, liderando em perdas financeiras, totalizando quase R$ 16 bilhões; Sudeste, Norte e Centro-Oeste também sofreram significativamente. O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, destaca que os municípios estão praticamente sozinhos no socorro à população, enfrentando prejuízos que ultrapassam R$ 26 bilhões, sem apoio significativo para prevenção ou investimentos.
Causas e Consequências
Nos anos de 2020 a 2023, observou-se uma concentração expressiva dos prejuízos, denunciando o agravamento da situação frente ao aumento contínuo da frequência de desastres. Esse período se caracterizou por eventos mais frequentes, atingindo, sobretudo, áreas identificadas como de alto risco, marcadas por ocupações densas e vulneráveis. Nesse contexto desafiador, a crise climática e o histórico de baixo investimento no setor habitacional emergem como fatores determinantes para o acentuado crescimento dessas ocorrências.
Aumento da Frequência de Desastres
O período em análise, revela uma preocupante intensificação na frequência de desastres naturais. O aumento observado destaca-se como um indicativo claro das mudanças climáticas e da necessidade urgente de estratégias eficazes para lidar com essa nova realidade. Os eventos, que ocorrem com maior regularidade, impõem desafios significativos à resiliência das comunidades, exigindo respostas efetivas e inovadoras.
Baixo Investimento no Setor Habitacional
O baixo investimento histórico no setor habitacional emerge como um fator crítico, agravando a vulnerabilidade das áreas urbanas diante dos desastres naturais. O desenvolvimento desordenado, associado à falta de infraestrutura resiliente, contribui para a dimensão do impacto desses eventos. A necessidade de reforçar os investimentos em infraestrutura, aliada a práticas urbanas sustentáveis, torna-se evidente para enfrentar os desafios apresentados pelas mudanças climáticas.
Projeto Inovador para Enfrentar Desafios Climáticos
Em meio a esse cenário desafiador, surge uma luz no horizonte. Um termo de cooperação assinado entre a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) e o ICLEI, associação mundial de governos locais dedicada ao desenvolvimento sustentável, promete trazer uma solução inovadora. O projeto “Mecanismo de Seguro para Infraestruturas Urbanas” busca criar um seguro para municípios brasileiros atingidos por desastres climáticos. Assinado durante a 28ª Conferência do Clima, COP 28, em Dubai, o acordo permitirá o intercâmbio de informações e expertise entre as entidades. O projeto será inicialmente implementado em Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Salvador (BA).
Foco no Futuro: Seguros Sob Medida,
O projeto visa facilitar a tomada de decisão na gestão de risco de desastres, fortalecendo a resiliência financeira das cidades. As propostas incluem produtos de seguro sob medida para reconstrução rápida de infraestrutura crítica e assistência financeira e técnica às famílias atingidas. O secretário-executivo do ICLEI, destaca que a parceria fortalece a gestão pública municipal, contribuindo para um sistema de prevenção de desastres mais eficiente no Brasil. A ideia é criar seguros de infraestrutura com critérios de resiliência, desenvolvendo um mercado de compras de seguros pelos municípios.
Diante do aumento preocupante nos desastres naturais, a iniciativa conjunta da CNseg e do ICLEI representa um passo significativo em direção à proteção eficaz das cidades brasileiras. À medida que o projeto avança, a expectativa é que os municípios possam enfrentar os desafios climáticos com maior preparo e que o Brasil caminhe rumo a um futuro mais resiliente. A colaboração entre setor público e privado emerge como uma estratégia fundamental para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.
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